segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A hora e a vez da mulher no mercado de trabalho

Segundo dados do Ministério do Trabalho, as mulheres estão ocupando um espaço maior no mercado de trabalho. O estudo indica que 16,2 milhões de mulheres estão no mercado de trabalho formal, enquanto em 2002, a participação feminina era de 11,4 milhões, o que significa um crescimento de 40,9%. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta ainda que que, em 10 anos, a participação masculina no mercado de trabalho se manteve praticamente estável, oscilando de 81% para 80,5%. Mas as mulheres, no mesmo período, aumentaram de 52% para 57,6%. Entretanto, as mulheres ainda continuam em grande desvantagem em relação aos homens no universo corporativo, a exemplo da remuneração: elas ganham cerca de 30% a menos do que eles.

E mesmo com tantas barreiras à frente, há inúmeros exemplos de mulheres que conseguiram conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Silvana Fraraccio, 49 anos, empresária, ilustra bem esta realidade. Sócia da URANET Projetos e Sistemas, empresa especializada em soluções para contact center, a trajetória da empresária começou cedo. Aos 15 anos, Silvana já trabalhava com processamento de dados, em uma função que não existe mais, a de "perfuradora de cartões" que, hoje, se compara a "digitadora" (responsável por alimentar os dados para o processamento do computador). Aos 16, foi  promovida a "chefe de perfuração" e, aos 18, "chefe do centro de processamento de dados". Após concluir o curso de contabilidade, mudou de área e passou a trabalhar no setor financeiro de uma construtora. Posteriormente, foi trabalhar em uma rede distribuidora de malhas de Santa Catarina como gerente administrativa financeira.

Em 1990, nasceu a Sys&Tec Projetos e Sistemas, tendo Silvana como única sócia mulher e responsável pela administração da empresa, englobando toda a área administrativa e financeira. Constituída com o objetivo de realizar a manutenção e o desenvolvimento dos projetos de sistemas da Bovespa, a Sys&Tec passou a atender também a Bolsa de Valores de Bilbao, na Espanha, e a de Buenos Aires. Em 1993, Silvana, juntamente com os demais sócios, continuou o desenvolvimento de uma URA própria, em parceria com a IBM, e acabou se especializando também no sistema de chamadas do extinto 0900. No ano de 1997, chegou a abrir um escritório em Madri para desenvolver outros sistemas. Três anos depois, ao perceberem que a empresa ganhava força na especialização de sistemas e processos focados na gestão do relacionamento com clientes, Silvana e os sócios resolveram investir no negócio de contact center, fundando a URANET Projetos e Sistemas. 

Ainda em 2000, com o objetivo de oferecer um produto que possibilitasse o monitoramento on-line e em tempo real das ligações e permitisse intervenções imediatas durante o contato telefônico, a URANET desenvolveu o IntergrALL, uma solução de gerenciamento inteligente de contact centers, 100% web, parametrizável, de fácil navegação e que atende a alta demanda por soluções integradas, contrapondo-se aos modelos tradicionais, cujas tecnologias provem de diversos fornecedores e não se interligam.

“Como em qualquer empresa, no início, o maior desafio era a consolidação e a aquisição de credibilidade no mercado sempre competitivo. E, especialmente no ramo de prestação de serviços, em que o fator humano tem o maior peso para a qualidade do produto final, mantivemos sempre nosso foco na excelência do trabalho. A partir deste conceito, ainda mesmo pequenos, atendíamos as necessidades dos clientes de forma que nada ficássemos devendo aos grandes concorrentes e, mais que isso, desenvolvendo nosso trabalho sempre de forma diferenciada para cada cliente, sendo participativos e parceiros, ajudando-os a gerir os trabalhos para os quais fomos contratados. Outro diferencial nosso é a forma correta como trabalhamos, no que diz respeito à Legislação Trabalhista: nunca usamos de subterfúgios na contratação de nossos funcionários para driblarmos o pagamento de impostos e encargos, o que garante uma tranquilidade aos clientes. Assim, fomos conquistando espaços, fortalecendo nossa imagem e inovando nossas soluções.”

Solteira e sem filhos, Silvana é o exemplo da mulher independente, que busca reconhecimento em um mercado de trabalho ainda dominado pelos homens. Com uma rotina de trabalho de onze a doze horas diárias, Silvana acredita que falta pouco para haver uma igualdade maior entre homem e mulher no universo corporativo. “Os conceitos já mudaram. Hoje, quem não reconhece a mulher no mesmo nível de igualdade do homem, é arcaico. E se hoje ainda não temos um cenário equilibrado no mundo dos negócios, é porque há muito o que ser feito para compensar tantos anos de preconceito com a mão de obra feminina.”

Hoje, com quase 4 mil funcionários e um faturamento em torno de 109 milhões de reais, a URANET já conta com duas unidades em São Paulo, uma no Centro e outra na Aclimação; e atende a grandes clientes do setor de telecomunicações, financeiro, entre outros. “É muito gratificante participar de uma empresa que gera emprego para tantas pessoas e que acaba contribuindo para a manutenção de tantas famílias. Igualmente gratificante é você ver o seu trabalho reconhecido pelo cliente, que, na verdade, é o objetivo final.” E para a mulher que pretende apostar em um negócio próprio, Silvana adverte. “Começe fazendo a coisa certa, não se iluda com formas mais fáceis de ganhar dinheiro. Tenha sempre o equilíbrio entre a ousadia e a realidade.”


Fonte:Uranet

Retirem suas dúvidas aqui quanto aos órgãos públicos que defendem os direitos das mulheres:

Conselho Estadual da Condição Feminina
Atua nas questões relativas à mulher, coordenando as políticas a serem implementadas para defesa dos seus direitos. Rua Antonio de Godoy, 122 6º andar CEP 01034-000 São Paulo/SP Telefone: (011) 221.6374 e (011) 221.5021 Fax: (011) 221.8904.
Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher
Informam, orientam e encaminham todas as questões envolvendo violência contra a mulher. Funcionam com pessoal treinado para atendimento de casos de estupro, agressões na família e ameaças. Rua Bittencourt Rodrigues, 200 CEP: 01017-010 São Paulo/SP Telefone: (011) 239.3328
Alguns Municípios do Estado já contam com Delegacias de Defesa da Mulher. Caso sua cidade não possua, procure as Delegacias de Polícia.
GELEDÉS - Instituto da Mulher Negra
Presta orientação jurídica para casos de discriminação e racismo. Praça Carlos Gomes, 67 5º andar CEP: 01501-040 São Paulo/SP Telefone: (011) 605.3869 e (011) 607.3869.
Poder Judiciário - Foruns
Quando a mulher quiser pleitear pensão alimentícia para seus filhos, ela pode dirigir-se diretamente ao Forum mais próximo de sua casa. Fará o pedido através de um "termo de comparecimento", devendo levar as certidões de nascimento dos filhos, seu RG e comprovante de residência.
Procuradoria Geral do Estado (PGE) - Centro de Orientação Jurídica e Encaminhamento à Mulher (COJE)
Vinculado à Procuradoria Geral do Estado (PGE), este centro realiza atendimento gratuito à vítima mulher, orientando e encaminhando questões relativas à esfera jurídica da agressão. Rua Tabatinguera, 34 - 8º andar São Paulo/SP Telefone: (011) 605-5829 (Chegar às 08h30 para atendimento).
União de Mulheres de São Paulo
Rua Coração da Europa, 1.395 CEP: 01314-020 São Paulo/SP Telefone: (011) 606.2367.

Crítica sobre a Lei Maria da Penha

Críticas positivas

A juíza Andréia Pachá considera a lei um marco na história da luta contra a violência doméstica, segundo ela: " A Lei Maria da Penha foi um passo importante para enfrentar violência contra mulheres [...]" Acessado em 10 de setembro de 2008.</ref> A maioria dos segmentos da sociedade, incluindo a Igreja Católica, consideraram a lei muito bem-vinda. Inclusive em 1990 a Campanha da Fraternidade, instituída pela CNBB, escolheu o tema “Mulher e Homem — Imagem de Deus”, fazendo clara referência a igualdade de gêneros.[1] Na Câmara, a deputada representante da bancada feminina Sandra Rosado do PSB, chamou a atenção de suas companheiras para a aplicação da lei com rigor e prioridade.[2]
Os Evangélicos também consideram a lei importante. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), por exemplo, elaborou uma cartilha[3] onde condena severamente a violência praticada contra a mulher, “Temas e conversas – pelo encontro da paz e superação da violência doméstica”. Curiosamente, a própria Bíblia condena toda forma de violência contra o assim chamado "sexo frágil", em diversas passagens do Novo Testamento.
A mudança mais considerável da Lei Maria da Penha com a introdução do Art. 9º, do Art. 129, do Código Penal Brasileiro.

Críticas negativas

Alguns críticos alegam que, embora mais rara, a violência contra o homem também é um problema sério, minorizado pela vergonha que sentem em denunciar agressões sofridas por parte de companheiras agressivas.[4] É caracterizada pela coação psicológica, estelionato (como casamentos por interesse), arremesso de objetos e facadas.
Um dos pontos chave é que o artigo 5º da constituição garante direitos iguais a todos, portanto o termo "violência contra a mulher" é incompleto, pois separa a violência "[...] contra as mulheres dos demais".[5] Um caso típico, foi a série de críticas propugnadas por um juiz de Sete Lagoas, Edilson Rumbelsperger Rodrigues, contra a lei, segundo ele, entre argumentos a respeito de Adão e Eva, "A vingar esse conjunto de regras diabólicas, a família estará em perigo, como inclusive já está: desfacelada, os filhos sem regras, porque sem pais; o homem subjugado."[6]
Uma outra crítica vem do delegado Rafael Ferreira de Souza, ele afirma "Quantas vezes presenciei a própria mulher, vítima de uma ameaça ou de uma lesão corporal, desesperada (literalmente) porque seu companheiro ficaria preso [...]".

Lei Maria da Penha e a criminalização do masculino

A chamada "Lei Maria da Penha" tem sido aclamada de modo quase unânime pela doutrina nacional. Porém, seu texto contém armadilhas totalitárias que serão analisadas neste artigo.
A Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, foi promulgada com o objetivo manifesto de “coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher” (art. 1°). Finalidade louvável, sem dúvida, o que a tornou motivo de aclamação praticamente unânime da doutrina nacional. Porém, em uma situação dessas, vem logo à mente, a advertência de Nelson Rodrigues de que “a unanimidade é burra”, pois nos incita ao simples adesismo, sem uma reflexão crítica.
A lei contém diversos problemas que merecem uma análise mais profunda da doutrina e da jurisprudência.

Em primeiro lugar, sua duvidosa constitucionalidade. A Constituição de 1988 é peremptória ao determinar que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações” (art. 5°, I). Obviamente, a própria Constituição prevê exceções a favor da mulher, como a licença-maternidade gozada nem tempo superior à licença-paternidade (art. 7°, XVIII e XIX). Exatamente por serem excepcionais essas normas, incide o princípio de hermenêutica (“as exceções devem ser interpretadas restritivamente”) que proíbe a utilização da analogia para criar novas discriminações a favor da mulher ou de quem quer que seja.

Esse é o mesmo raciocínio utilizado em diversas leis que visam proteger os “direitos das minorias”, como o Estatuto do Índio (Lei 6.001/1973); a lei dos crimes de preconceito (Lei 7.716/1989) [1]; o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990); e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) [2]. A pretexto de combater a discriminação, criam-se novas diferenciações, em flagrante desrespeito ao princípio da igualdade que, ressalte-se, só pode ser excepcionado pela própria Constituição.

Se um neófito em Direito examinar a lei, vai imaginar que acabou de ser criada uma realidade inteiramente nova para a mulher. Chega a ser risível o art. 2° ao dispor que “toda mulher... goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana”. Aliás, se fizéssemos uma interpretação literal, chegaríamos à surreal conclusão de que a lei equiparou a mulher ao ser humano! No art. 6°, a lei chega a dispor que a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma forma de violação aos direitos humanos. Ora, sabe-se que a lei não tem palavras inúteis, mas, nesses casos, utilizar os artigos citados é um verdadeiro desafio hermenêutico!

Porém, a criminalização do homem enquanto tal encontra-se especificamente no art. 7°, II, da lei, que define uma das modalidades da violência doméstica e familiar contra as mulheres: a chamada “violência psicológica”. Em quatro linhas, o inciso trata de uma miríade de condutas que causem “dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações”. A violência psicológica é de ação livre, ou seja, pode ser cometida por qualquer meio que possa atingir os resultados previstos.

A lei, porém, enumera um rol exemplificativo de condutas: “ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir”. A despeito de a ameaça e o constrangimento estarem previstos como crimes no Código Penal, as outras condutas são conceituadas de modo excessivamente aberto, em flagrante violação ao princípio da taxatividade [3].

Vejamos exemplos banais dos extremos a que pode chegar essa definição: “explorar” tem vários significados e um deles é “abusar da boa-fé ou da situação especial de alguém”. O termo é tão vago que pode significar qualquer coisa, como a conduta do homem que não lava a louça suja. Da mesma, forma “ridicularizar” significa “zombar, caçoar” [4]. Em princípio, o homem que ri de alguma atitude de sua mulher está cometendo violência doméstica.

O Estado, com suas costumeiras pretensões totalitárias, entra na vida familiar e disciplina o que é ou não permitido. De repente, pequenos atritos diários podem ser considerados crimes ou dar ensejo a indenizações por dano moral. A pretexto de proteger a mulher, a lei considera-a como incapaz de cuidar de sua higidez mental [5], podendo ser “ferida em sua auto-estima” por qualquer palavra ou atitude dissonante do companheiro!

A aplicação literal desse dispositivo levará inevitavelmente ao “Direito Penal do Autor”, doutrina segundo a qual o delito:

“Constitui o signo ou sintoma de uma inferioridade moral, biológica ou psicológica... o ato é apenas uma lente que permite ver alguma coisa daquilo onde verdadeiramente estaria o desvalor e que se encontra em uma característica do autor. Estendendo ao extremo esta segunda opção, chega-se à conclusão de que a essência do delito reside numa característica do autor, que explica a pena”. [6]

Assim, ser punido por atos que inevitavelmente ocorrem no cotidiano de um casal, significa penalizar o homem como tal e não os fatos em si. Enfim, nos dias de hoje, ser homem pode ser um crime, exceto se pertencer a alguma minoria legalmente protegida, como negros, índios, idosos, crianças, adolescentes e, em um futuro próximo, homossexuais. Nesses casos, a “condição moralmente inferior” do homem pode ser “compensada” pelo fato de que a lei o considera também como uma vítima!



[1] Ressalte-se que o Projeto de Lei 5003-B/2001, já aprovado na Câmara dos Deputados, considera como crime o preconceito contra homossexuais.

[2] É interessante verificar a ideologia implícita nessas leis: existem opressores e oprimidos. Os primeiros são os homens adultos e “brancos” e os oprimidos são todo o resto, que precisam de proteção. É nítida a semelhança com a ideologia marxista: basta trocar “homem adulto e branco” por burguesia e todos os outros por proletariado.

[3] De acordo com esse princípio, a lei penal deve prever com exatidão a conduta incriminada, para que as pessoas saibam exatamente o que é proibido.

[4] As definições foram retiradas no Dicionário Houaiss, versão eletrônica.

[5] É inevitável a lembrança do Código Civil de 1916, que considerava a mulher casada como uma pessoa relativamente incapaz, que deveria ser protegida, inclusive com a instituição do dote.

[6] ZAFFARONI, E. Raúl, BATISTA, Nilo. Direito penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2003, v. I, p. 131.

A MULHER NA SOCIEDADE ATUAL

Apresentação

 
 
Não é fácil escrever uma apresentação de um ensaio que envolva explicar uma atuação fecunda das mulheres no meio da sociedade. Pois, o próprio trabalho das mulheres já é muito complexo e duro, para serem efetivados os seus objetivos. Imaginem o daquelas pessoas que querem apenas dar forças para que esse trabalho cresça e consiga seu lugar entre os seres pensantes na terra. A luta das mulheres para apenas serem reconhecidas como gentes vem de longas datas; contudo, é só fazer uma pequena digressão histórica para ver claramente que a contenda que as mulheres travam hoje em dia, oriunda dos primórdios da humanidade, na busca de que seus direitos sejam respeitados como seres humanos.
Pois, é tendo como meta uma participação no processo de conscientização da humanidade, quanto às arbitrariedades que se praticam frente aos diversos seres humanos discriminados, tais como: os negros, as empregadas domésticas, as mulheres propriamente ditas, e muitos outros estigmas, cujo objetivo deste pequeno ensaio é participar da dinâmica de libertação das mulheres, como iluminação das mentes atrasadas que ainda existem nos diversos recantos do País. As discussões são longas, entretanto, pouco se tem conseguido com este esforço, tendo em vista que as radicalizações não conduzem a nada e as frustrações pessoais têm contribuído para uma pulverização de idéias sobre o assunto, culminando com o afastamento das mulheres de suas reais reivindicações políticas.
A mulher na sociedade atual já tem tomado consciência de sua tarefa no mundo político em que está inserida, mas devido as suas condições de fraqueza adquiridas ao longo da história, não avançou eficientemente, como deveria ter progredido, como fizeram algumas em associações bem mais novas e menos numerosas do que a quantidade de mulheres que sofrem o despotismo dos machistas inconseqüentes, que não contém seus momentos de fúria descontrolada. Finalmente, a luta é oportuna e séria, pois não se deve escravizar um irmão em pleno século XX e, em tempo algum. Entretanto, quando as forças universais fizeram o mundo não discriminaram ninguém, quer seja homem ou mulher e isto não pode acontecer na era da informática e da robótica.
 

Justificativa

 
 
Nos dias atuais, a mulher deve se entrosar melhor nos movimentos políticos que dizem respeito às suas questões, em todos os aspectos possíveis, tais como: ser vista como um ser humano, não ser tratada como um ser inferior, isto é, como um objeto sexual e, tê-la como uma companheira e não como uma empregada, ou escrava. A luta pela participação da mulher na sociedade é velha e precisa de mais esforço, para que não exista o diferencial entre homem e mulher, mas que todos devem ser iguais como seres humanos que pensam, que produzem e que quer seu espaço na sociedade moderna, para poder avançar conjuntamente com todos aqueles que buscam a melhora conjunta para todos.
A mulher ainda é tida como um objeto e não se pode perdurar este estado de coisas, tendo em vista que as batalhadoras que têm conseguido um espaço são poucas, pois muitas destas não conseguiram, ou não querem enfrentar essa batalha no processo de conscientização das amigas e companheiras. É preciso uma organização desse grupo com objetivo de eliminar esta imagem da mulher boazinha, da mulher que só serve para fazer propaganda de produtos industriais mostrando seu corpo, ou mesmo em filmes de sexos explícitos. A mulher tem que dar um basta nisto tudo e partir para uma igualdade entre todos; portanto, deixar de vender seu corpo para sobrevivência, sem qualquer pudor e amor para consigo própria.
Como se sabe, a sobrevivência fala mais alto e é neste sentido que aquele que tem alguns recursos, procuram degradar a raça humana, depreciando o sexo feminino no afã de matar os seus prazeres pessoais, não só pela simples vontade, mas objetivando demolir o que há de mais precioso que é a moral do ser humano. Quer queira, quer não, a mulher é um ser “frágil”, devido ao processo de ditadura que tem enfrentado ao longo da história e não é do dia para a noite que se vai acabar com este estado de coisas. Portanto, são necessários tempos e mais tempos para se ter uma consciência de sua real contribuição na sociedade do passado, no presente e no futuro, na busca de querer também ser gente séria e competente em todos os instantes.
 
 

Apanhado e Análise

 
 
Inicialmente, falar em mulher é bifurcar-se em dois parâmetros de fundamental importância no mundo moderno, quer dizer, é vê-la pelo lado romântico de Julieta; das criações de Vinícios de Morais; de Pablo Neruda; e, muitos outros que a encantaram em prosas e versos. Do mesmo modo, é imprescindível observar a mulher pelo lado de sua integração na sociedade, conquistando espaço e ajudando a construir um mundo sem discriminação, onde homens e mulheres se completam na busca de um bem-estar conjunto, todos numa só união. Neste sentido, a mulher deve seguir os dois caminhos, o de ser feminina-mulher-mãe e o de ser agente social, econômico e político. Uma mulher participativa, trabalhadora e que quer contribuir para a evolução dos tempos, como um ser humano que pensa, tem que ter forças e deve ser útil à sociedade.
Pelo lado romântico, a mulher é a flor mais sublime que a natureza deixou na terra pelo seu perfume, pelo seu falar carinhoso e pela sua maneira de conseguir tudo que anseia, porque, como dizem os poetas, a mulher se assemelha a uma rosa que exala perfume nos momentos de mais terríveis dissabores. Ninguém inspirou mais canções, como nos grandes textos literários, nas telas de grandes pintores, nas poesias de todas as épocas, nos corações dos boêmios, do que a mulher, criação divina para este mundo rebelde que não sabe preservar o presente tão pequeno no tamanho, mas grande na beleza, no amor e na inspiração. Ao parodiar a Bíblia, Deus soube presentear muito bem, quando recompensou Adão com a obra prima que nenhum escultor soube talhar tão eficientemente, a sua Eva.
É inegável que a sua magia enfeitiça, jogando o homem no precipício, como foi o caso do próprio Adão quando foi incitado por Eva a comer a maçã proibida pelo seu superior, quando estava em seu bosque. A história relata muitos e muitos casos, onde a mulher conseguiu com sua astúcia angelical arrasar os homens com força e poder descomunal, pois, foi Dalila com sua meiguice quem destruiu Sansão que com sua força descomunal, matou milhares e milhares de filisteus, mesmo nos últimos momentos de sua vida. Foi Cleópatra quem domou César de sua brutalidade insustentável, chegando até a destruí-lo e porque não falar em Maria Bonita, que era quem dominava Lampião em seus momentos de euforia, quando desrespeitava seu próprio bando nos sertões do Nordeste brasileiro.
A mulher sempre foi elevada aos mais altos pedestais da pureza, da humildade e da simplicidade, pela sua maneira de ser, de falar e até mesmo de se aparentar frente aos admiradores da singularidade e da beleza. Não foi por nada que Leonardo da Vince imaginou a sua bela adormecida - Mona Lisa. A criatividade do pintor foi a poesia do bonito que pousou numa visão sobre-natural de quem via na mulher a razon d'être de sua genialidade inconfundível ao longo dos tempos e além do mais, encantou a mulher com a sua maneira psicográfica de desnudar a natureza e mostrar seu canto. E a criação maior de Leonardo da Vince é, e será sempre, uma mulher feminina, meiga, que dá amor a toda humanidade e busca paz para doar onde só existam espinhos prontos para magoar quem nunca lhe feriu.
No encanto da vida, a mulher é a luminosidade que nunca deve se apagar, pois a ausência dela é uma escuridão que não há recurso energético que faça enxergar, mesmo estando no claro. A visão do amor é mais forte e somente a mulher pode doar seu corpo, sua alma e sua vida para encantar o mundo de injustiças cujo homem o faz perverso e desencantado para todo o sempre. Essa mulher que encanta é a mulher mãe; é a mulher amante e amada e é sem sombra de dúvida, a criação maior da natureza. Não se deve ver a mulher somente pelo lado sexual. Ela é muito mais do que isto. Ela é tudo que está sobre a face da terra sem intransigência, somente procurando abrilhantar muito mais, a natureza que aos poucos está sendo violentada pelo homem que nem a si próprio ilumina.
Entretanto, a mulher busca seu espaço e esta é uma atividade política e deve exercê-la com muita eficiência; pois, ela antes de tudo é um ser humano que tem braços, tem pernas, tem cabeça e raciocina como qualquer pessoa viva do planeta terra. Só que, esse espaço político deve ser conquistado sem exageros, tendo em vista que qualquer excesso é, e deverá ser sempre, condenável por qualquer ser humano. A reivindicação de seus direitos é um dever natural e ela não deve abdicar dessa participação que lhe compete; do contrário, a vida participativa chega ao seu ápice do monotonismo e ela fica sem sentido para o viver. Todavia, não se deve confundir reivindicação feminina com movimento feminista, porque o movimento feminista é um tipo de revolta que somente a mulher quer sobressair, em detrimento de seu companheiro - o homem.
Além do papel político, a mulher tem também conseguido um grande avanço dentro da estrutura econômica e a respeito disto, coloca SULLEROT (1978)[1]:
diante disto, é inevitável que as mulheres sintam cada vez mais a necessidade de uma identidade social que não seja exclusivamente definida a partir do papel econômico do homem. As mulheres, menos presas ao lar devido à maior facilidade de desempenho das tarefas domésticas e maternidades menos freqüentes, e, por outro lado, mais instruídas e preparadas naturalmente desejam utilizar suas capacidades, seus conhecimentos e sua competência para assegurar a sua própria independência e participar de modo mais completo e influente na vida da sociedade.
Isto bem define o avanço que as mulheres desejam e que aos poucos estão conseguindo, dentro de uma luta de participação e conscientização, ao considerar que as dificuldades que elas enfrentam são grandes, ao levar em conta os preconceitos formais de uma sociedade machista.
A mulher participativa do mercado de trabalho como economicamente ativa, varia muito de região para região, de setor para setor e de país para país. Pois algumas vezes, ou quase sempre ela participa do mercado de trabalho por imposição do marido, como é o caso do trabalho no setor agrícola. Neste sentido, explicita ainda SULLEROT (1978)[2]:
nas regiões em que o setor agrícola é importante as diferenças chegam a surpreender; pelas estatísticas, Turquia é um dos países europeus onde a proporção feminina na força de trabalho total é das mais elevadas; na Grécia, é das mais baixas.
Isto é apenas um pequeno exemplo internacional; porém no Brasil, observa-se um grande porcentual de mulheres trabalhando na indústria e no comércio, já como fuga do trabalho pesado do campo, devido os pais obrigarem os filhos a ajudarem nas atividades da roça desde criança, sem direito à educação.
O trabalho legalizado da cidade ou do campo (se existir), apresenta distinções entre a remuneração do homem e da mulher. Não se tem uma consciência formada do porque desta diferença, se em verdade, os dispêndios físicos que envolvem o homem e a mulher são os mesmos, até mesmo o esforço intelectual desprendido pelos dois, também não faz diferença alguma, e os ganhos de ambos são diferentes. Além da questão dos salários do homem e da mulher, o interessante é que o mercado de trabalho para ela, não está muito aberto ao seu favor. Na realidade, existem alguns parâmetros que delimitam o ingresso no emprego, ou até mesmo a sua não aceitação, como por exemplo: a mulher ser bonita ou bem feita de corpo e nunca ser levado em consideração o seu nível intelectual, deixando fora de atividade, profissionais competentes, somente porque não passaram no teste de manequim, ou de estética física.
A questão da igualdade da mulher com o homem, passa por um problema interessante, a consciência de sua situação. Pois ela quer a igualdade com o homem; entretanto, não se sabe exercer essa equiparação, tendo em vista que, o desejo almejado seria uma extensão de direitos, onde em verdade, ela busca é a superioridade sobre o homem. A igualdade da mulher diante do homem é uma questão fácil de se resolver; todavia, depende muito mais de como se trata, um com o outro, e se alguém trata seu companheiro com estupidez, com grosseria e com o espírito de superioridade, é claro que a resposta, dependendo do nível de educação, é imediata e nunca a igualdade vai ser conseguida. Isto é o que tem ocorrido entre o homem e a mulher ao longo da história. Mas, ao se olhar pelo lado de quem hipnotiza mais para conseguir seus intentos, a mulher é muito mais forte e perspicaz do que o homem.
Agora, ao se levar pelo lado externo ao lar e se deparar com o lado econômico é claro que a mulher tem levado muitas desvantagens, tendo em vista que as desigualdades são tremendas no mundo inteiro. Neste sentido, explica SULLEROT (1978)[3] com grande sapiência que
uma sociedade só calcula com exatidão o que lhe parece importante, e a impressão das estatísticas acerca do emprego feminino é prova de que o papel econômico das mulheres foi considerado marginal durante muito tempo.
Esta é mais uma prova de que a mulher, na visão de quem não evoluiu, serviria apenas para o trabalho doméstico, para o apetite sexual do marido e para tomar conta dos filhos que fossem nascendo. Todavia, neste sentido ela não tem a sua independência cultural e econômica, frente a uma sociedade atrasada e machista que não ver os próximos de igual por igual.
É claro que na atualidade é que começam existir Leis que beneficiam as mulheres; mas, são ainda Leis precárias e determinadas pelos homens que buscam tirar os maiores proveitos da ingenuidade feminina, como mais um campo de atuação do capitalismo que só tem uma filosofia, a exploração. Ainda hoje perduram as idéias antigas de que uma atividade quando se desvaloriza, passa a ser uma atividade de mulheres e, por consequência, de baixa remuneração, porque agora é que ela está conseguindo o seu espaço que avança lentamente e é claro não conta com a consciência plena das próprias companheiras, a não ser quando estão com problemas em seus lares, por ser surrada pelo marido, ou não agüentar mais seu estado de escravidão branca em pleno século XX.
A mulher, como qualquer um outro ser humano deve ser ouvida, e tratada como uma pessoa comum na sociedade; pois, a discriminação não atende às exigências da acumulação, pelo simples fato de um pagamento abaixo dos que são feitos aos homens, onde na verdade, o dispêndio físico e mental é o mesmo, a não ser, como também acontece com os homens, os graus de formação intelectual e de esforço físico sejam distintos entre as pessoas. Entretanto, isto não é justificativa para as discriminações que perduram na sociedade atual contra a mulher no mercado de trabalho e nem tão pouco dela contra si própria, por participar de classes sociais diferentes, como se ver no dia-a-dia em uma estrutura de economia capitalista que a tem, como mais um implemento de seu exército industrial de reservas.
Na sociedade atual, a mulher deve assumir a sua postura de ser humano e exercer a sua atividade de acordo com a sua situação social ou grau de intelectualidade; pois, um grau fraco de intelectualidade não deprime o ser humano que deve ser respeitado. Quer-se dizer que a mulher empregada doméstica deve assumir sua atividade com eficiência e amor do mesmo modo que qualquer trabalho de alto nível, pois é mais um espaço que se tem conseguido na luta, primeiro pela sobrevivência e segundo, para mostrar que a mulher não é só aquela dona do seu lar; mas, uma força de trabalho que deve ser aproveitada no sistema. Esse é apenas um exemplo da mulher que busca a sua participação na vida econômica; pois, não é necessário que ela seja somente empregada doméstica, assim também, insira-se na atividade produtiva em geral, desde os mais baixos, até os mais altos postos da economia.
Já não se pode pensar numa mulher submissa, contudo ela deve compreender sua função social como companheira do homem e partir para uma igualdade de participação, tanto no contexto social, como no econômico, tendo em vista que sua atuação de igualdade cada vez mais se concretiza. A conscientização da mulher como um ser que deve ter funções de igualdade com o homem, só se concretizará efetivamente, quando ela tiver sua independência política e econômica, tal como não pensar numa vida conjugal como investimento, ou um salva-guarda para aquela pessoa que está desprotegida. A mulher está vencendo e deverá vencer muito mais; mas, sem a prepotência de companheiras frustradas que brigaram consigo mesma e se debelaram contra aqueles que lhes deram proteção durante muito tempo e que hoje está condenado como a fera diante da bela que só oferece amor, paz e tranquilidade e só recebe violência e desafeto, no pensamento das feministas.
 

Conclusão

 
Ao longo da história, a mulher tem conseguido alguns espaços de fundamental importância para a sua participação no mundo político. Não um mundo político de partidarismo mesquinho, tal como acontece com aqueles que lutam para tomar o poder, mas para poder ouvir e ser ouvido. A atuação da mulher sempre foi árdua em todos os sentidos, a começar como dona de casa, as famigeradas donas do lar, até a mulher trabalhadora no mercado de trabalho comum que busca a sua emancipação, submetendo-se a um salário bem inferior ao mínimo estipulado por Lei. É este o ônus de quem quer avançar nos espaços que devem estar abertos para que todos os seres humanos sejam iguais na Lei e na prática.
Assim mesmo, falta muita coisa que deve ser feita para que as discriminações sejam abolidas do seio da sociedade e, em especial, do sistema capitalista que tem o objetivo de explorar o ser humano em demanda de migalhas que tenham por objetivo acumular e concentrar o capital de um sistema explorador. As discriminações são visivelmente exacerbadas; pois, quando se trata das mulheres, as complexidades são maiores, tendo em vista a própria desorganização delas, a sujeição em perceber remunerações de fome, dadas as suas condições de pobres e frágeis, a Lei do capitalismo que incita a uma opressão do companheiro sobre sua companheira e, sobretudo, a atuação da igreja que não incentiva um trabalho sério das mulheres.
Com este clima de subordinação e bloqueamento da participação feminina nas atividades cotidianas da vida e, da mesma forma, está-se fazendo política; porém, não existem condições de se ter uma emancipação rápida das mulheres, no sentido da igualdade dos direitos e obrigações, mas tão somente de buscar espaço para ditar as suas normas. O direito da mulher como ser humano deve ser sagrado, para que o mundo progrida e avance dentro dos princípios de eqüidade, de perseverança e de amor; pois, uma vida com atritos, com pelejas e ditadura, não pode progredir de maneira que proporcione a todos os seres viventes, um bem-estar para todos os animais racionais do planeta terra.

O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE MODERNA

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A vida tem duas faces: Positiva e negativa.
O passado foi duro mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria.
Que eu possa dignificar, minha condição de mulher, aceitar suas limitações.
E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes.
Aceitei contradições lutas e pedras
como lições de vida e delas me sirvo.”
Cora Coralina
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Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, política e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.”
Simone de Beauvoir
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As transformações sociais ocorridas nas últimas décadas, desencadearam também profundas mudanças e redefinição do papel da mulher na sociedade moderna.
BREVE HISTÓRICO
No que se refere especificamente à história de lutas e conquistas, em nível mundial, Santos (2002) destaca as seguintes datas:
8 de março – Dia Internacional da Mulher: É uma das datas mais importantes, pois neste dia, no ano de 1857, as operárias da fábrica têxtil Cotton, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, fizeram uma greve, em protesto contra uma jornada diária de 16 horas e baixos salários. Como resposta à manifestação, os patrões mandaram incendiar o prédio e 129 mulheres morreram queimadas.
19 de abril – Dia do Índio: As mulheres indígenas são ainda mais vítimas da discriminação e sofrem preconceito de gênero e raça, bem como opressão. A data foi escolhida em 1940, durante o 1º Congresso Indigenista Interamericano, na cidade de Patzcuaro, no México. O Brasil adotou a data em 1943.
25 de abril – Dia Latino-Americano da Mulher Negra: Assim como as índias, as negras também enfrentam discriminação de gênero, raça e opressão. As comemorações pelo Dia Latino-americano da Mulher Negra podem incorporar também o 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, instituído pela ONU, em razão do massacre de 70 jovens negros em Sharpeville, na África do Sul (1960).
27 de abril – Dia da Empregada Doméstica: As empregadas domésticas enfrentam o preconceito de gênero e o social. Faz-se necessário reconhecer o trabalho dessas mulheres, que não é valorizado por ser realizado dentro de casa.
28 de maio – Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher: As questões relacionadas à saúde das mulheres foram discutidas por especialistas do mundo inteiro em 1987, na Costa Rica, durante o V Encontro Internacional Mulher e Saúde. Após esse evento, foi decidido que o dia 28 de março marcaria a urgência de ações em favor da saúde feminina.
05 de junho – Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente: Este dia também pode ser comemorado sob uma perspectiva feminina, haja vista que são as mulheres que mais preservam o meio ambiente, ao praticar formas menos ofensivas de manipulação da terra, como a agricultura familiar, por exemplo.
15 de outubro – Dia Internacional da Trabalhadora Rural:  Não se pode perder a oportunidade de celebrar as conquistas já obtidas e nem de cobrar mais ações promotoras da igualdade de gênero no campo. Nesse dia, deve-se destacar a importância das mulheres rurais na agricultura, na segurança alimentar e no desenvolvimento da zona rural.
25 de novembro – Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Mulher:  Em 25 de novembro de 1960, duas irmãs foram brutalmente assassinadas na República Dominicana, durante o regime do ditador Trujillo. Desde 1981, o dia é usado, em vários países, como alerta para a necessidade de combater a violência contra as mulheres. Para marcar a data, é importante promover discussões sobre o tema.
01 de dezembro – Dia Mundial de Combate à Aids: As estatísticas mostram que as mulheres são as maiores vítimas da AIDS. A cada ano, vinte mil pessoas são contaminadas no Brasil. Em 1987, a relação era de 16 homens com a doença para cada mulher. Já em 2002, a proporção é de 2 para 1. E neste contexto, a importância dada à saúde da mulher vem crescendo nos últimos anos, com o surgimento de redes governamentais e não-governamentais específicas que trabalham para melhorar a qualidade do atendimento prestado.
10 de dezembro – Declaração Universal dos Direitos Humanos: Somente a partir de 1948, os homens e as mulheres passaram a ser considerados como titulares de direitos individuais e sociais. A Declaração provocou reação imediata por parte de grupos de mulheres e uma verdadeira luta foi empreendida. As primeiras datam já no início da década de 50, mas os avanços mais significativos só viriam a partir da década de 70, com a realização dos ciclos de conferências mundiais sobre os direitos das mulheres.
A MULHER NA MODERNIDADE
Na sociedade moderna, a mulher está cada vez mais conquistando seu espaço no ambiente profissional e participando das mudanças ocorridas na contemporaneidade. Aos poucos as habilidades e características femininas começam a ser valorizadas pela sociedade, deixando a mulher, aos poucos de ser uma mera coadjuvante em determinados segmentos sociais e profissionais, possibilitando cada vez mais o seu acesso às posições estratégicas em suas profissões.
Em relação ao trabalho, tais mudanças são ainda mais visíveis. Isto porque com o processo de reestruturação produtiva e com o crescente número de mulheres no mercado de trabalho, a mão-de-obra feminina tem sido cada vez mais aceita e solicitada. Contudo, este contingente feminino ainda tem sido sujeito a algumas limitações, ou tem sofrido dificuldades quanto ao seu acesso a cargos que exigem maior qualificação ou que oferecem maiores possibilidades de ascensão na carreira, especialmente no que se refere a dinâmica de conciliação das demandas familiar e profissional.
Ao longo das últimas décadas do século XX, as conquistas sociais femininas e no mercado de trabalho foram muitas, no entanto ainda está aquém do ideal. As mulheres têm hoje maior participação, não só no mercado de trabalho, como também nas esferas política e econômica e elas já estão mais à vontade e escolhem de forma mais livre com quem e como querem estabelecer suas relações conjugais.
Na realidade, as mulheres foram da esfera doméstica à ocupação de diferentes funções na sociedade moderna, mas estas conquistas sociais têm sido alcançadas e assimiladas de forma diferente pelas mulheres. O alcance e assimilação das conquistas sociais femininas variam de acordo com a classe social, o grau de escolaridade e a possibilidade real para superar as desigualdades de oportunidades entre homens e mulheres que ainda existem e persistem na sociedade atual, tanto na família como nas mais diferentes esferas sociais.
Outro ponto importante a salientar é que as mulheres ainda ocupam menos cargos de poder e prestígio e continuam a ser vistas como as principais responsáveis pela casa e pela família.
Na sociedade atual a mulher vem aprendendo a lidar com os problemas e aos poucos vem aprendendo e sabendo discernir as dificuldades encontradas na dupla e algumas, na tripla jornada de trabalho, no lar e fora dele. As mulheres vêm ao longo dos anos participando para a construção de uma sociedade mais justa, de um mundo melhor e mais equilibrado, no qual se desenha um novo papel para a mulher moderna.
A MULHER NA AMAZÔNIA
No contexto da sociedade amazonense, mais especificamente na sociedade manauara, são escassas, para não dizer quase inexistentes, as publicações e registros históricos acerca do papel da mulher na sociedade local. No entanto, tem-se conhecimento que a mulher manauara vai ocupando cada vez mais os espaços nas fábricas do Pólo Industrial de Manaus, nas universidades, no judiciário, bem como em todos os setores da economia local, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da sociedade manauara como um todo.
Em novembro de 1994, foi realizado o I Encontro Amazônico Sobre Mulher e Relações de Gênero, objetivando reunir pesquisadores da Região Norte (Amazonas, Pará, Maranhão, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima) e, conjuntamente, discutir os assuntos que estavam sendo estudados no meio acadêmico em torno da questão da mulher. Já em abril de 1996, ocorreu o II Encontro Amazônico sobre Mulher e Relações de Gênero, organizado mais uma vez pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Morais (GEPEM) e Rede Regional Norte-Nordeste de Núcleos e Pesquisas sobre Mulher e Relações de Gênero (REDOR). A proposta em discussão que tinha como título “Mulher e Modernidade na Amazônia” foi apontar os dilemas da modernidade em cujo contexto emergiram as questões da desigualdade de gênero, embutidas nas denúncias dos movimentos feministas organizados nas lutas pela conquista da cidadania da mulher.
Passando por questões que obliteravam a visibilidade do sujeito político mulher na construção da sociedade, utilizando-se das teorias explicativas das Ciências Sociais.
Por meio destas teorias, denunciou-se o processo de desigualdade e opressão que subordinava as mulheres a estereótipos desvalorizadores e de justificação das desigualdades sociais sofridas milenarmente. De um tempo de exclusão, em que as explicações sobre as diferenças de gênero para definir as hierarquias sociais e históricas determinando comportamentos e práticas sexistas, saltou-se para um tempo de denúncias a essa exclusão e à perspectiva de dar visibilidade ao sujeito, que é a mulher.
A história da mulher no contexto da modernidade na Amazônia pode ser contada de várias formas, evidenciando-se através destas, os traços de exploração, de violência e espoliação, de conquistas e de dominação sócio-político-econômico e cultural. Neste contexto, entrelaçam-se sucessos de fatos e conquistas nas linhas escritas pela historiografia regional. E neste cenário, as mulheres estão circunscritas em uma hierarquia de gênero, de classe e de etnia. Logo, faz-se necessário conhecer o “outro lado” da história oficial, que aponta para as rupturas com o essencialismo de figuras masculinas, brancas e burguesas, evidenciando-se, com isso, múltiplas dimensões da realidade amazônica, onde convivem homens e mulheres constituindo, através de suas experiências e práticas, um cotidiano rico e diferenciado, marcando, com isso, a diversidade e deixando de estimular a complementaridade.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Explicação sobre a origem política da filosofia, tendo como referência o texto de Vernant, Jean Pierre.

Os filósofos gregos tratavam a política como um valor e não como um simples fato, considerando a existência política como finalidade superior da vida humana, como a vida boa, entendida como racional, feliz e justa, própria dos homens livres. Embora considerem a forma mais alta de vida a do sábio contemplativo, isto é, do filósofo, afirmam que, para os não-filósofos, a vida superior só existe na Cidade justa e, por isso mesmo, o filósofo deve oferecer os conceitos verdadeiros que auxiliem na formulação da melhor política para a Cidade.
Política e Filosofia nasceram na mesma época. Por serem contemporâneas, diz-se que "a Filosofia é filha da polis" e muitos dos primeiros filósofos (os chamados pré-socráticos) foram chefes políticos e legisladores de suas cidades. Por sua origem, a Filosofia não cessou de refletir sobre o fenômeno político, elaborando teorias para explicar sua origem, sua finalidade e suas formas. A esses filósofos devemos a distinção entre poder despótico e poder político.
Os gregos pregavam que a política é o remédio que a razão encontra para a perda da felicidade da comunidade originária. E que a política resulta do desenvolvimento das técnicas e dos costumes, sendo uma convenção humana. Sendo que a política define a própria essência do homem, e a Cidade é considerada uma instituição natural.
Para os gregos, a finalidade da vida política era a justiça na comunidade.
A noção de justiça fora, inicialmente, elaborada em termos míticos, a partir de três figuras principais: themis, a lei divina que institui a ordem do Universo; cosmos, a ordem universal estabelecida pela lei divina; e dike, a justiça entre as coisas e entre os homens, no respeito às leis divinas e à ordem cósmica. Pouco a pouco, a noção de dike torna-se a regra natural para a ação das coisas e dos homens e o critério para julgá-las.
A idéia de justiça se refere, portanto, a uma ordem divina e natural, que regula, julga e pune as ações das coisas e dos seres humanos. A justiça é a lei e a ordem do mundo, isto é, da Natureza ou physis. Lei (nomos), Natureza (physis) e ordem (cosmos) constituem, assim, o campo da idéia de justiça.
A invenção da política exigiu que as explicações míticas fossem afastadas – themis e dike deixaram de ser vistas como duas deusas que impunham ordem e leis ao mundo e aos seres humanos, passando a significar as causas que fazem haver ordem, lei e justiça na Natureza e na polis.
Para os sofistas, a polis nasce por convenção entre os seres humanos quando percebem que lhes é mais útil a vida em comum do que em isolamento. Convencionam regras de convivência que se tornam leis, nomos. A justiça é o consenso quanto às leis e a finalidade da política é criar e preservar esse consenso.
Se a polis e as leis são convenções humanas, podem mudar, se mudarem as circunstâncias. A justiça será permitir a mudança das leis sem que isso destrua a comunidade política, e a única maneira de realizar mudanças sem destruição da ordem política é o debate para chegar ao consenso, isto é, a expressão pública da vontade da maioria, obtida pelo voto.
Por esse motivo, os sofistas se apresentavam como professores da arte da discussão e da persuasão pela palavra (retórica). Mediante remuneração, ensinavam os jovens a discutir em público, a defender e combater opiniões, ensinando-lhes argumentos persuasivos para os prós e os contras em todas as questões.
A finalidade da política era a justiça entendida como concórdia, conseguida na discussão pública de opiniões e interesses contrários.
Em oposição aos sofistas, Platão e Aristóteles afirmam o caráter natural da polis e da justiça. Embora concordem sob esse aspecto, diferem no modo como concebem a própria justiça.
A polis possui uma estrutura tripartite, formada por três classes sociais: a classe econômica dos proprietários de terra, artesãos e comerciantes, que garante a sobrevivência material da cidade; a classe militar dos guerreiros, responsável pela defesa da cidade; e a classe dos magistrados, que garante o governo da cidade sob as leis.
Os gregos diziam que a cidade justa era governada pelos filósofos, administrada pelos cientistas, protegida pelos guerreiros e mantida pelos produtores. Cada classe cumprirá sua função para o bem da polis, racionalmente dirigida pelos filósofos. Em contrapartida, a Cidade injusta é aquela onde o governo está nas mãos dos proprietários – que não pensam no bem comum da polis e lutarão por interesses econômicos particulares -, ou na dos militares – que mergulharão a Cidade em guerras para satisfazer seus desejos particulares de honra e glória. Somente os filósofos têm como interesse o bem geral da polis e somente eles podem governá-la com justiça.
Pregavam, ainda, que a justiça distributiva consiste em dar a cada um o que é devido e sua função é dar desigualmente aos desiguais para torná-los iguais. Para ser justa, a Cidade não poderá reparti-los de modo igual para todos.
A função ou finalidade da justiça distributiva sendo a de igualar os desiguais, dando-lhes desigualmente os bens, implica afirmar que numa cidade onde a diferença entre ricos e pobres é muito grande vigora a injustiça, pois não dá a todos o que lhes é devido como seres humanos. Na cidade injusta, em lugar de permitirem aos pobres o acesso às riquezas (por meio de limitações impostas à extensão da propriedade, de fixação da boa remuneração do trabalho dos trabalhadores pobres, de impostos e tributos que recaiam sobre os ricos apenas, etc.), vedam-lhes tal direito. A Cidade injusta, portanto, impede que uma parte dos cidadãos tenha assegurado o direito à vida boa.
A justiça política consiste em respeitar o modo pelo qual a comunidade definiu a participação no poder. Essa definição depende daquilo que a Cidade mais valoriza, os regimes políticos variando em função do valor mais respeitado pelos cidadãos.
Do exposto, podemos, assim dizer, que os gregos inventaram a política e que a política e a filosofia surgem de um tipo de discurso, de diálogo ou questionamento que, no decorrer do tempo, passamos a chamar de filosofia.